Já que o estresse faz parte da vida, é importante que se esteja preparado
para conviver com ele. Para isto é necessário que se desenvolvam técnicas
para administrá-lo. Eis algumas delas.
Planejar-se com antecedência, contando com as dificuldades de trânsito,
para não fazer como algumas pessoas que acabam marcando mais
compromissos do que podem realizar. M.M. era uma destas pessoas
e sempre se atrasava para seus compromissos. Certo dia encontrava-se
em S. Paulo e, ao telefonar para seu médico carioca marcando uma
consulta para aquela mesma tarde, deixou escapar o seguinte raciocínio:
“Vou pegar a Ponte das duas horas e levo vinte minutos de táxi
para ir do aeroporto até seu consultório. Pode marcar minha consulta
para as duas e meia.” O médico estranhou e perguntou se o vôo
chegava às duas horas no Rio. “Não, sai daqui às duas”, respondeu
seu paciente, levando ainda alguns segundos para se dar conta de que
o avião só chegaria ao aeroporto do Rio perto de três da tarde. Isto
sem levar em consideração o fato de que sempre se perde algum tempo
entre sair do avião e chegar até a fila do táxi (que pode ser extensa)
e também sem considerar as várias possibilidades de engarrafamento
do trânsito entre o aeroporto e o consultório do médico. M.M. estava
em tratamento de uma gastrite de fundo nervoso atribuída ao excesso
de estresse e nem assim se dava conta da tensão que criava para si
mesmo ao se obrigar a horários tão apertados ou —como neste caso
— simplesmente impossíveis de serem cumpridos. É comum encontrar-
se agendas de executivos com horários congestionados ou até
mesmo superpostos.
Saber dizer não, principalmente para si mesmo. Para os outros, muitas
vezes, não é necessário se dizer não, pois muitas das dificuldades
acabam por si mesmas.
Parar de tentar fazer tudo ao mesmo tempo.
Lembrar que o exercício físico pode descansar, pelo estímulo à produção
de endorfinas.
Evitar se apressar, chegar antes da hora nos encontros, levar algo para
ler ou para fazer enquanto espera, para aproveitar o tempo e não se
sentir desperdiçando-o. Lembrar-se de que um dos maiores prazeres
da vida é a leitura, para o qual não se depende de nada, nem de
ninguém, apenas de um bom livro. É uma atividade em que todos os
alfabetizados são auto-suficientes.
Tentar descobrir o que mais gera tensão e evitar.
Zelar pelo futuro. Não aceitar compromissos e incumbências desagradáveis,
ter cuidado com a aceitação dos compromissos futuros.
Muitas vezes a pessoa se dá conta de que aceitou um compromisso
simplesmente porque, como era agendado para muitos meses à frente,
parecia fácil de ser cumprido. Um belo dia chega o momento de
enfrentar a obrigação assumida e a pessoa percebe que criou uma
desnecessária armadilha para si mesma. É como as dívidas no cartão
de crédito que depois “aquele idiota” (que é ela mesma) vai pagar. É
preciso ser otimista, realista e atento com os compromissos, principalmente
os futuros.
Administrar a inveja (das lanchas dos amigos, dos carros novos deles
etc.), pois ela causa estresse. Para isto, é fundamental admitir que ela
existe. Às vezes não se percebe a emoção negativa que invade o
subconsciente ao usufruir dos prazeres que um amigo rico pode
proporcionar. Muitos aceitam estas situações com tranqüilidade, o
que não costuma acontecer com as pessoas muito competitivas.
Evitar a companhia de pessoas de que não se gosta, principalmente
parentes (que a pessoa considere) desagradáveis.
Atentar para o fim de semana. É importante saber selecionar o lazer
e observar se se sente bem após o dia de descanso. Deve-se aprender
a melhor forma de recarregar as baterias.
Procurar comer devagar, mastigando lentamente, sem se envolver
com preocupações enquanto come. Convém evitar refeições de negócios.
Tirar férias regularmente, em extensão adequada à própria personalidade,
pois há pessoas que gostam de longas férias enquanto que
outras preferem tirar férias curtas e mais freqüentes.
Fazer um balanço do dia, observando que por vezes as pessoas
exageram a importância, a urgência e a imprescindibilidade de certas
providências.
Controlar a raiva, tentando ver o ponto de vista do outro. Dar um
tempo, respirar fundo, “contar até dez”, não levar a sério entreveros
com desconhecidos são providências bem-vindas.
Sempre se perguntar se é preciso ser tão competitivo, tão bem sucedido.
É importante entender de onde vem a cobrança de resultados
positivos em todas as áreas da vida.
Procurar ter repouso suficiente, dormir bem é fundamental. Tentar
praticar relaxamento e/ou meditação.
Lembrar-se de que, se relaxar o corpo é tão bom e saudável para o
organismo, para a mente também deve ser.
Fonte: A LINGUAGEM DA SAUDE, Luiz Alberto Py e Haroldo Jacques, Ed. Campus.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
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